terça-feira, 2 de agosto de 2011

FREI JOÃO HORTELÃO

Frei joão hortelão

Pascoal era o nome de baptismo. Nasceu em Valverde e ali guardava gado.
Foi para uma aldeia vizinha, Eucísia. Eram pouco gentis com ele e daí dar ao Felgar. Apresentou-se com o nome de Ildefonso, mas o povo chama-lhe Alifonso.
Apascentava também o gado com a condição de o patrão autorizar ir à missa. O patrão discordou e deu ordens ao barqueiro de o não passar para cá, quando andasse do lado de lá, para ir à missa. Então punha o gado à volta do cajado e deitava a capa na água e assim conseguia transpor as águas para a outra margem. O patrão proibiu-o de guardar o gado, mandando-o tratar da horta. Proibiu-o de ir á missa, porque tinha de ficar a guardar os pássaros e as galinhas. Ele batia-lhes as palmas. Vinham os pássaros e as galinhas e metia-os numa adega. O patrão ao ver neste fenómeno algo de anormal, quis entabular conversa com o Ildefonso, mas este nada respondia.
Resolveu ir para Espanha e entrar num convento, em Castela. Ali os monges puseram-lhe o nome de Frei João Hortelão, porque quis dedicar-se à cultura da horta. Plantava as couves com a raiz para cima e ia à cozinha dizer para ir colher folhas, que as couves estavam frondosas!
Enviou para Valverde uma linda casula, uma custódia e um sino. Nas trovoadas iminentes tocam-no, e dispersam-se e nunca deixam prejuizos. Enviou também uma cruz gótica, com trabalho de filigrana, do século XV.
Para a Eucísia, reza a lenda, que enviou um sino de cortiça, com o badalo de lã.

FonteAFONSO, Belarmino, Raízes da Nossa Terra, Bragança, Delegação da Junta Central das Casas do Povo de Bragança, 1985 , p.109

LENDA DA CORNALHEIRA

"LENDA DA CORNALHEIRA DE SANTO ALIFONSO"

Frei João Hortelão nascido na localidade de Valverde, e o seu carácter religioso e as suas virtudes pessoais, onde não faltou sequer o facto de ser oriundo de famílias pobres e ligadas à pastorícia na aldeia natal, foi sendo, ao longo dos séculos, envolvido em histórias e acontecimentos que ninguém pode hoje comprovar, incluindo o espírito profético que o levou a adivinhar o ano da sua morte. Entre as muitas "façanhas", quando ainda jovem, conta-se o seu "jeito" especial para a pastorícia dizendo-se que deixava o gado à volta do seu cajado e ia ouvir missa aos povoados da outra margem do rio Sabor. Quando regressava, o gado lá estava no mesmo sítio quieto e manso. O amo, sabendo isto, proibiu lhe a passagem do rio na barca, mas ele continuou na sua missão atravessando a corrente, servindo-se da sua capa para barco. O patrão, não gostando de tais ausências, despediu o pastor que se dirigiu então para Castela, sempre mendigando pelo caminho. No lugar onde Frei João Hortelão deixava o gado
cresceu, segundo a tradição popular, uma cornalheira de dimensões fora do vulgar, transformada em árvore frondosa, cuja folhagem se mantém verde durante todo o ano, ao contrário do que acontece com esta espécie, que na região não atinge mais de dois metros de altura, como arbusto, de folha caduca! Talvez"a outra margem do rio Sabor" não corresponda à verdade histórica e se esteja a falar da antiga povoação de Cilhades, na margem direita, que dá para a encosta onde se encontra a tal cornalheira; bem vistas as coisas, fala-se do concelho de Alfândega da Fé, criado por carta de foral de D. Dinis em 1294, cujas fronteiras o separavam de Santa Cruz da Vilariça exactamente naquela zona, pelo local designado por "rebentão", sendo que toda esta área foi pertença de Alfândega até à reforma dos concelhos de 1855! Mas o espírito "milagroso" deste nosso Frei João Hortelão não se ficou por aqui. Ainda na sua freguesia de origem, existe outro local conhecido por "bardo do Frei João"; o motivo é semelhante: de acordo, uma vez mais, com a tradição popular, naquele local deixava frequentemente o seu rebanho, sem as habituais guardas de madeira, e os animais não saíam do local, de tal forma que ainda hoje o mesmo se mantém sempre com verdura! Despedido do seu emprego, Frei
João Hortelão terá rumado até Castela e ficado pela vila de Ledesma, (Salamanca) tomando o hábito de leigo e entrando para o convento de Santa Marina. Diz J. Vilares, na obra citada, que "por meio de esmolas, conseguiu edificar a igreja matriz de Ledesma onde se conserva, segundo a
tradição, uma gota de leite da Virgem e uma madeixa do seu cabelo tudo obtido pelo santo varão". No entanto, a grande façanha que é atribuída pela lenda a Frei João Hortelão resulta de algo muito mais espantoso e menos explicável ainda, porque contraditório com o seu viver conventual: "com bocadinhos de prata que ia guardando na oficina onde trabalhava fez esta formosa cruz", a Cruz Processional de Valverde, símbolo maior da ourivesaria do concelho deAlfândega da Fé e que a população de Valverde guarda com um autêntico sentimento de Fé, de misticismo e de patriotismo.
Extraido de:
João Baptista Vilares, na Monografia do Concelho de
Alfândega da Fé.

PORMENORES














DADOS GERAIS

Área: 2397 ha
População: 200 habitantes
Património cultural edificado: Igreja Matriz, Cruzeiro, Capelas de S. Sebastião, de S. Bernardino de Sena, Edifício Escola Primária, Tanque com Bebedouro para animais, Tanque Público, Nicho Imaculado Coração de Maria, Sede de Freguesia, Fraga das Setes Fontes, Fonte da Fraga
Património Paisagístico: Vale das Fragas, Poços do Inferno, do Crivo
Festas e Romarias: Festas de Nossa Senhora da Encarnação a 25 de Março, de S. Bernardino de Sena no 3º Fim-de-semana de Agosto
Gastronomia: Cabrito Assado no Forno a Lenha com Batata e Arroz do mesmo, Folar da Páscoa
Locais de lazer: Largo do Santuário de S. Bernardino de Sena
Espaços lúdicos: Campo de Futebol de Valverde
Artesanato: Rendas
Orago: Nossa Senhora da Encarnação
Principais actividades económicas: Agricultura, Olivicultura, Amêndoa
Gastronomia: Enchidos, cabrito e borrego, bacalhau cozido com couve caseira, arroz doce, folar, filhós;
Fauna: Coelho, perdiz, lebre, raposa;
Flora: Oliveira, amendoeira, carrasco, sobreiro;
Locais de Interesse Turístico: Serra de Bornes, Miradouro do Santuário de S. Bernardino de Sena (avista-se a sede de concelho, Valverde, Vilariça, Assares, Lodões e Sambade);
Cursos de Água: Ribeira de Vale de Pereira, rio que atravessa a povoação.

DESCRIÇÃO

Situada entre as ribeiras de Zacarias e de Vilariça, Valverde situa-se a três quilómetros da sede do concelho. O povoado fortificado de Monte do Castelo comprova o precoce povoamento da área em que se situa actualmente a freguesia. Datado da Pré-História, localiza-se num cabeço em esporão sobre a ribeira da Fonte Fria. Foram encontradas no local algumas cerâmicas manuais lisas, de cronologia pré-histórica, provavelmente da Idade do Bronze. No lado oeste, está o resto de um talude pedregoso, talvez vestígio de uma antiga muralha. A existência de Valverde como povoação deve-se ao repovoamento que por volta do século XII, ou seja, depois da Reconquista Cristã, foi feito em Alfândega da Fé. A proximidade daquela vila influenciou de forma lógica o povoamento desta freguesia. Quanto ao topónimo, pode-se dizer que Valverde tem um sentido topográfico. Desde sempre, ao contrário de outras freguesias deste concelho, Valverde pertenceu ao termo de Alfândega da Fé. O mesmo aconteceu em termos paroquiais. No que diz respeito ao património edificado, uma palavra para a Igreja Paroquial, consagrada a Nossa Senhora da Encarnação. É anterior ao século XVIII, sabendo-se que trabalhou nela, no século XVI, o ourives Alonso Pontilho. A ordenação heráldica da freguesia, publicada a 24 de Maio de 2005, é a seguinte: Armas - Escudo de prata, com cruz processional de vermelho, realçada de ouro; em campanha, vale de verde movente dos flancos e da ponta. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “ VALVERDE - ALFÂNDEGA DA FÉ “.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

FONTE SANTA DE VALVERDE

Identificação Fonte Santa de Valverde / dos Engaranhados ou Araganhados

Na freguesia toma-se o caminho de Santa Justa, a cerca de 2km o sítio do Poisadoiro
Alfandega da Fé / Valverde Lugar: Poisadoiro

Instalações/ património construído e ambiental
A água nasce na parte debaixo de um pombal, erigido num campo de semeadura, aproveitada para um tanque de rega

Historial No Aquilégio (1726) é chamada de Fonte Santa, o texto cita a Corografia Portuguesa (1706)” “…a qual no dia de S. João Baptista lança água, lança água que serve de remédio às sezões, e outras enfermidades.

Almeida (1970) cita o Aquilégio e acrescenta: «só os antigos se lembram do “banho santo”, tradição que se perdeu.»
Trata-se de uma hipossalina nitratada, isenta de nitrito e de amoníaco, com uma oxidabilidade dentro dos valores aceitáveis da potabilidade.” (Almeida, 1970)


Bibliografia Almeida 1970, Costa1706, Henriques 1726